terça-feira, 5 de maio de 2009

Excluído

Curvando seu corpo, à beira da rua,
Estende as mãos esquálidas e trêmulas quase congelando, pelo frio do entardecer deste cruel inverno, a procura de esquentá-las na pequena chama de fronte à ele.
Os ecos na mente e as pessoas que passam pela sua não tão nobre presença, sem perceber a sua existência, fazem o crer que está perdendo a sanidade.
O cinza que toma conta dos céus mais uma vez também já tomou conta de sua vida a muito tempo..
Não há mais coragem para se arrastar rumo à um recomeço em vão. Não quer se ajoelhar e pedir por piedade ou justiça mais uma vez. Ninguém pode o escutar agora.
Já não há mais motivos para existir. Não há motivos, porque sabe que não há futuro.
O cheiro de enxofre nas ruas, os cães raivosos e os trocados jogados a sua volta.
Sem forças, sua vida vai se esvaecendo pouco à pouco e seu corpo vai repousando ali à sargeta.
Nas antigas memórias, talvez de um tempo de graça e sorte, uma lágrima escorre, congelando em sua face.
Um grito de dor ecoa mas não pode ser escutado.
Vários cães uivam ao seu redor, mas os humanos nem percebem o corpo estirado ao chão.
Não tem importância. A vida não tem mais.

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