terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Eternamente Fiel à Angústia

Mordo os lábios e mastigo o gosto amargo;
Alegre a manhã que tarda e mais ainda a que não chega.
No horizonte, a angústia é um pêndulo -
Onde deveria haver um Sol - enforcada e imponente, paira.
Baterá os dentes na noite eterna, a humanidade,
E cuspir nas vestes negras dos velórios,
E ante as pedras das tumbas de seus filhos,
E com os cães famintos, na madrugada.
Sentam-se nos tronos dos Deuses,
Atirando migalhas às pombas doentes e sem asas.
Todo o valor infinito das coisas
Está depositado em suas sombras
E os medos se tornam maiores,
Os amores, assombrosos corvos,
Que vivem dos cadáveres de outros amores,
E não há pedra sobre pedra que resista
Ao ódio esmagador de suas mãos.
E com mãos quais estas, humanas,
Odeia-me por ter virado as costas.
Mas se perdesse tudo que tenho,
Ainda assim teria as mesmas coisas;
O pó de meus ossos esmagados na madrugada,
E as veias de meus olhos abertos e secos.
Estes, afinal, estão livres -
Eu.. Servo da angústia enforcada nos céus,
Baterei os dentes, aflito na noite eterna.