sexta-feira, 29 de abril de 2011

Omnia sol temperat

[...]
Ama me fideliter,
fidem meam noto:
de corde totaliter
et ex mente tota
sum presentialiter
absens in remota.
[...]

[Carmina Burana, Primo Vere: IV Omnia sol temperat]

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Dedico a você: a pessoa que fez despertar em mim o amor nas mais variadas e intensas formas.
Postado por: Marina Pedersen





(*-* /bruno vinícius)

terça-feira, 26 de abril de 2011

Relógios

Os Profundos Desejos

Ainda poderia.
Um desejo que o consumisse
Como chama no frio
Calada, sentada e cautelosa
Incapaz de aquecer
Queimar-lhe os olhos.
Colocaste o olhar incerto
Por além destes morros azuis?
Deslizaste seus dedos magros
Pela poeira que cobre a cidade seca?
Me lembro de ti quando criança,
Desenhando estradas as quais não trilhaste:
Ó garota, não vá depressa demais
O chão está liso!
Ainda hei de desejar
O abraço daquelas mães.
Quais tenues linhas
desenham seus lábios quentes...
Os gélidos dias se afastavam,
Quando deitavas junto à mim...
Sonharia contigo, uma vez mais -
Um manto que me cobrisse -
E acordaria ao teu lado.
Mas o suor é que me escorre,
Quando um pesadelo me desperta
De repente e no meio da madrugada.
Sento e um desejo me toma,
Consumido por tudo o que é negro.
Me deito, durmo e meu sonho se vai
Para onde quer que leve
A estrada que passa por debaixo
Destas janelas solitárias.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Psykiskt Instabil

Estou perdido,
Me sinto deslocado.
Só, só solidão;
Vazio sem finitude.
A faca em minhas mãos firmes,
O corte, afiado, massageia a garganta;
Estou pronto para acabar com tudo.
Nunca tive para onde correr.
Pelas ruas sujas de lama,
Tentei me esconder o tempo todo.
Vivi no esgoto, no lodo social.
Vesti uma bela máscara
E mesmo assim, continuei
Me arrastando como um inseto:
"Pisem na minha cabeça!"
Tentei acordar para minha vida
E assistir o fim do mundo
Saboreando a ruína humana - Falhei.
Garoto abandonado,
Jovem insolente e isolado.
Ah, o amor próprio...
Nunca encontrei sentido
Para erguer minha cabeça.
Estou perdido,
Querendo que meus miolos
Se espalhem no chão da sala.
Não quero mais enxergar
Não quero mais esperar.
Ansioso e angustiado
Vivo e morto.
Vivendo de pesadelos
Esperando pelo fim deles
Sem perspectiva,
Totalmente sem perspectiva.
Deitado num corredor fétido
Vomitando toda e qualquer alegria em viver.
Deitado, sozinho,
Ansiava ser amado,
Sem ser capaz de amar-me.
Psicológicamente instável,
Levanto meu corpo esquálido,
Sujo e acabado,
Arrancando os cabelos em agonia.
Álcool nas veias,
Gasolina nas mãos;
Ateio fogo ao meu corpo.
Um último riso vitorioso
- "Que se faça luz!"

domingo, 24 de abril de 2011

À Margem

Tudo que sobrou é o seu cadáver.
Você, no seu quarto, de noite;
Ansiando golpear a parede
Com a sua maldita face
Até ficar desfigurado para sempre;
Você, jogado à sarjeta,
Na beira da estrada
Se alimentando de lixo
A vida a meio-fio
Esquecido, solitário,
Banquete pras traças.
Na sua expressão, só medo.
As cicatrizes tomaram seu corpo,
Até o prazer da dor se foi.
Quer abrigo, quer possuir alguém
Mas tudo que restou é
Seu corpo num canto escuro,
Numa cidade vazia, com uma alma vazia.
É tudo de plástico; é tudo Irreal.
O que há em sua volta é artificial.
E você também é!
Seus olhos no espelho, sem foco, sem foco...
Não conseguem te enxergar...
Não vêem à um palmo do teu nariz.
Nada tem vida; Você não tem.
É incapaz de caminhar.
Fugir?! Lugar nenhum te abrange!
...O estalar dos seus ossos na madrugada,
Seu queixo batendo sem parar.
É o medo! Tocando a porta trancada de sua casa.
A insanidade veio te consumir,
O pavor te possui aos poucos,
A morte se aproxima.
Suas mãos tremem, o suor te escorre;
Aperte o gatilho.

sábado, 23 de abril de 2011

Is this the role that you wanted to live?

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os Miseráveis

Não tem porque Ler este texto, só estava me organizando.
Esse post é diferente de tudo aqui.
Pode me achar babaca, imbecil.
Não é bonito, não faz sentido. Não é uma poesia, nem uma previsão.
É, no fundo, um desejo, só. Um relato, talvez.
De muito que ouvi, que li, que vi pessoalmente e do que eu entendo por justiça.
Nem é revoltinha infundada de 15 anos de idade.
É só um desejo no fundo do meu coração.
(Não devia postar aqui, mas o blog é meu, afinal)

Os Miseráveis

Os pobres estão amontoados.
Jogados às margens.
De suas grandes ruas, de cidades lindas, paradisíacas.
Os pobres estão sempre por perto; A espreita, no escuro.
Nas favelas, se reunem.
Todos juntos, trabalham por você.
Os miseráveis estão por todo lado;
Com suas almas mortas, você espera que eles fiquem caídos.
Mas sua boca espuma de raiva. Eles aguardam.
Nas sombras por trás das cortinas, do seu palco grandioso,
À margem do centro; Miseráveis periféricos.
Eles estão aguardando, mas suas jaulas empilhadas nos morros
Estão abertas e o circo está pronto para pegar fogo.
E quando acontecer, o palhaço vai chorar enquanto é crucificado.
Os portões de suas casas de três andares
Estão prestes à ser derrubados por aqueles
Que não tem dinheiro pra comer no fast food.
Eles não tem esperanças, nem querem justiça.
Ficam no frio, na madrugada, deitados em papelão.
Eles querem sua cabeça na churrasqueira.
Eles nunca leram marx, mas sabem da distribuição do seu dinheiro.
Vão entrar na sua casa gigante, fedendo merda.
Vão pisar no seu sofá branco com os pés sujos de barro.
Vão estuprar sua filha e sua esposa, vão te deixar de quatro
E botar fogo nas suas obras de arte preciosas.
Não adianta chorar, nem rezar.
"Bem vindo ao livre comércio das américas"
Não acreditam na ditadura do proletário.
Eles acreditam em foder com seus familiares
Matar seus amigos, vestir suas roupas de grife.
Acreditam em roubar sua comida, porque não querem mais subviver.
Eles vão se sentir como os grandes atores da TV,
Que vão estar enforcados pelas praças e na praia de Copacabana.
Eles são à favor do aborto e tem religião.
Eles te estendem a mão, quando você não tira elas do bolso.
Você pára no sinal, eles te oferecem balas;
Mas agora as balas vão ser enfiadas na sua cabeça.
Seu pior pesadelo está deixando de se arrastar pela sarjeta
E o seu cartão de crédito não pode fazer nada pra te salvar.
Os pobres não vão mais só consumir de seu mercado.
Vão botar fogo no seu apartamento. Virar seu carro novo.
Destruir seu estabelecimento e cospir na sua cara.
Rir de seu governo. Não tem polícia pra segurar
Os milhões de cães de caça que você, com suas migalhas, alimentou.
E que agora, soltos de suas coleiras sociais,
Comem seus filhos e roem seus ossos frágeis.
Eles não são vegetarianos.
Seus orgãos vitais serão prato fino nas mandíbulas
Daqueles que você mesmo deixou à beira da estrada.
Os pobres com raiva; Os ricos com medo
"Você nunca pensou que fosse ter um fim tão deprimente".


Não acredito que haja algo de bom no ser humano.
[Influência forte de Sick Terror (Grindcore, ultraviolence brasileiro), Uncurbed(Hardcore, Crust Sueco) e de Malvados (quadrinhos brasileiros)]

Eutanasia

Minha alma está em coma.
Pelas sombras nuas, caminho só.
Pelas ruas estreitas, nos fins de linha.
Nos becos, Nas beiras de abismo.
Não há saída. Nunca houve saída.
O sangue corria nas veias.
Ciclo fechado; Fechado meu coração.
O espírito quis fugir. Almejava a liberdade.
Aqui dentro, tudo apodreceu.
Aqui dentro, a esperança morreu antes mesmo de nascer.
Fui pedra, para aguentar à mais pura dor.
Todo o meu ódio; todo o sentimento ruim
Me matava, e me mata aos poucos.
Me sinto só o tempo todo.
Quando cai a noite, somente a solidão me abraça.
Minha alma está em coma
E um último desejo me consome.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Espera de uma Nova Vida [e Considerações do autor]

Os posts ultimamente estão meio diferentes.
Toda essa repetição dos mesmos sentimentos massacra minhas idéias.
Bom, se for ler pela primeira vez, comece do fim, ou, sei lá, pule os quatro ou cinco próximos, são frutos de muita revolta e nenhum esforço.
Obrigado.
[Um nome bonito não designa um bom poema]
-

A Espera de uma Nova Vida

Quisera viver sem medo,
Quando o mundo servia fria
Sua cabeça na bandeija de prata.
Acordava cedo, para perder novamente;
Um dia como qualquer outro.
As lágrimas insistiam em cair
E sua espinha gelava, impiedosa.
Nasceu de novo o medo,
Morreu qualquer sentimento.
"Vingança é cortar o próprio pescoço"
-Pensou sozinho, na noite;
"Para saborear plenamente
a derrota do inimigo desgraçado!"
E o sangue escorreu quente
E a tez ficou fria,
e o tato quase se perdeu.
Deitou a cabeça, no chão,
À fim de dormir pra sempre.
Vencer a vitória é notório,
Mas quem sonha, um dia acorda.
Se o fim fosse este, bastava;
Bastava o fim da tristeza.
Mas não veio salvar-lhe a morte,
Amargou-se, frustrado, à sarjeta.

domingo, 3 de abril de 2011

SobreNome

Me sinta
por dentro;
consumido
Sem nada.
Vazio!
O mundo
Queimou
Minha
Alma
Mediocre.
Espírito
Não tenho.
Não me
Importa.
A minha
Face
Não me
Importa.
Água e
Sal nos
Olhos.
Na boca
O amargo
Do sangue.
Frustração.
Me sinta
Por dentro.
Negro.
Escuro.
Origem
De meu
Nome.
Minha
Origem.
Do pó
Ao pó
Ao nada.
Sem nada
e por nada.
Não me
Importa.
Ó verbo!
Meu Deus!
Porque
Este mundo
Não outro?
Ó pai!
Imploro!
Me sinta!
Não me
Deixe
Morrer
por dentro.