segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Pena

Vamos todos fazer sexo a três,
Brindar taças de lama e vinho!
Estamos sós e sem afeto,
Coloquemos a cabeça no colo podre
Da fraqueza mãe do ser humano.
Maldito o macaco que quis crescer
Sem saber que amarrava o rabo nas pernas.
...
Não vai dizer que já começou
Aquele papo furado sobre aproveitar a juventude..
De novo isso, rapazinho?
É verdade.. É verdade... Esses são nossos filhos.
Vejam só como estão crescidos! Quase do tamanho da mãe.
Não me diga que são irritantes,
Até porque, não fuma à três dias,
E sabe que isso faz sua cabeça doer demais.
Vamos lá, porque se preocupar com isso?
Entrou em vigor um novo estilo.
Estou pensando agora em por silicone,
O que você acha?
Ou fazer uma tatuagem com significado profundo..
Uma alma rasa nas costas bastaria.
Ou será que iria me arrepender depois?
Ah! Para que se importar com essas coisas supérfluas?
Bater o carro está ultrapassado,
Procurarei um jeito original pra morrer cedo,
Um diferente, só meu. Deixa uma marca como aquelas caras
E só a pena vai falar por eles.
Isso sim é fazer a vida valer a pena!
Isso e fazer sexo a três...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Distante como Nunca

Esmagado o corpo contra o chão
Como quando te observo, de longe
à dançar com outros rapazes,
Mais sinceros, mais espertos que eu,
E de longe, mais bonitos.
De longe como sempre,
Você distante como nunca.
Retorcidos os ossos, e mesmo assim,
Tenho feito coisas demais...
Tenho Almejado abrir um bom sorriso,
Rangido os dentes ao dormir,
Saboreado o vazio de possuir um eu,
E mais outras mil coisas;
E Tantas delas faço por ti, mesmo sem perceber.
Às vezes até arrisco ir pro serviço;
Fora isso, crio vidas inalcançáveis.
Intocáveis por natureza.
Ao teu lado, teu lado tão distante.
Você não acredita em mim.. Não é?
Que faço eu pra mudar isto?
Tem sido tão difícil me sustentar..
Juro mesmo que tem sido!
Sobre essas pernas de areia,
esses joelhos defeituosos. Já não basta?
Tento caminhar; Caio sem cessar..
O que? Sejamos otimistas? - Está bom.
As coisas fluem, acho que isso é o lado bom,
E foram as bocas que me contaram..
Mas como posso acreditar,
Se foram aquelas mesmas que ouvi dizer
Que não posso tê-la,
Não nessa vida, talvez nem na próxima?
Que viveremos assim, distantes como nunca?
Como posso acreditar?
Com certeza é mentira!
Acho que só tenho.. Trabalhado.. Demais...

"Searched hard for you
And your special ways
These Days"

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Véus em Chamas

São véus que cobrem os rostos
E os seios daquelas mulheres.
Cores medonhas carregavam seus templos interiores,
Em infinitos Natais ocos banhados;
Em outros, rostos feridos pelas chamas
E à esbanjar da fome de Deuses sublimes
Fitavam paredes pálidas e espelhos d'água,
Almejando aprender a amar.
Hoje, às vezes são olhos inúteis e secos;
Fechados por medo e por ignorância
E só os cavalos restam
Dançando nos sinceros desertos da solidão.
Mas, em outros momentos,
Os corvos que caçavam cadáveres pútridos,
Se vão e deixam em paz os animais
Para saborearem a essência plena em existir.
Nestes rituais de passos simples,
Faço de mim um estranho entre os dançarinos,
Olhar também ferido pelas quimeras
E ofuscado pelo calor e a luz,
À fim de ter fome como a fome daqueles espíritos.
São os véus que cobriam os rostos, caindo,
Faziam com que nós nos tornássemos mais cinzas, mas
Que o fogo, agora, desfigure nossos rostos,
Tornemo-nos nós mesmos as cinzas do que fomos;

"Let's dance, little stranger
Show me secret sins
Love can be like bondage
Seduce me once again..

Won't you dance with me
In my world of fantasy?
Won't you dance with me
In a Ritual of Fertility?"

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

2012

É o fim, mesmo para os mestres do tempo.
A garota tola balança as pernas,
Acordada pelas vibrações retas:
Entoadas pelo ritmo que ecoa pelo quarto
e pela corda bem presa no pescoço.
Um passado de sonoridade futurista,
Nossos pais um passo à nossa frente.
E Ela ainda preferia os peixes,
Observar-se à mergulhar no espelho
Onde as maiores estrelas do mundo
Arrumam suas imagens; suas faces.
E o robô, que dançava sozinho no quarto,
Se perguntava como seria amá-la.
Mesmo quem não sente, se sente só.
A solidão não exige aquele frio na espinha,
Afinal, vivemos na era dos computadores,
Da exclusão desapercebida,
Do brinde ao Alzhaimer sentimental
Dos amigos lembrados por bipes eletrônicos.
A grande arte moderna mora nos trabalhos manuais,
Nas fábricas de sonoridades constantes.
Mesmo para aqueles além da tecnologia,
Mesmo para os sábios da antiguidade,
Esta é a era da infertilidade,
Era esta que deve e vai ser deixada
À mercê dos robôs solitários.

"We are functioning Automatic
And we are Dancing Mechanic
We are the robots"