sábado, 27 de novembro de 2010

Auto-enganação

Vive de vislumbrar luzes divinas e maravilhosas
Plenas, bem diante de seus olhos miopes,
incapazes de enxergar o que há no escuro.

Vive à se esconder nos cantos sombrios,
Refúgios que sua mente cria pra roubar sua alma, ensanguentada
Mas que sua boca, em escorbuto, cospe.

Vive de sonhos esquizofrênicos
Realidades escassas e Deuses de plástico
Que iludem seus próprios fiéis prostrados com fé diante do altar.

Vive num duelo de Realidades
Num campo onde as mentiras são desejos mascarados e depressivos
E a realidade se arma de agulhas espessas.

Vive numa verdade imaginada
Num câncer que apodrece seus pulmões
E numa lepra que impede de tocar sua verdadeira face

Vive de beijar os lábios secos da loucura
e sentir o preto e o branco do que não é real
Embalando seu próprio sono, por não saber acordar.

A enganação reprova seus feitos gloriosos
As estórias são efizemas que sufocam
O medo protege dos inimigos mas imuniza de ser real.
O que então, há de valer a pena,
Quando a cólera expele tudo que é interno?