segunda-feira, 30 de maio de 2011

Meu corpo -
Para dar de comer aos decompositores.
Para doar aos vermes
Matéria que de nada vale
Se não alimento para o solo.



"Am I wrong?
Have i run too far to get home?
Have I gone?
and left you here alone"

Deuses de Fumaça, Ódio e Ilusão

Iludia-se,
Fraco e miserável.
Uma xicára de chá
(Ou cocaína pra esquentar os ânimos).
O vento soprava forte
Contra a face dos verdadeiros sofredores
Desconhecedores do que é brisa amena.
Estava estasiado,
Algo prendia a atenção
De suas vistas exaustas.
A bebida já fazia efeito
A verdade haveria de rasgar os céus
Em alguns minutos
(Sua visão turvaria como um profeta
Que anuncia o fim dos sentidos)
Lá fora, faces sem vida abriam os olhos
Por dentro, súlfur queimando.
Sonhos esquizofrênicos deturpavam a mente,
Remédios caros para alimentar os fetos
E nicotina pra satisfazer a alma.
Os deuses de fumaça lhe faziam cócegas
O pagamento em rituais de auto-flagelo.
Toda a sua raiva alimentada pela vida
E o destino e o asfalto.
As sociedades de ferro e aço
Se alimentavam de seus orgãos.
Pâncreas, rim e coração
Na mesa de cirurgia da crueldade!
Por isso, iludia-se
No seu berço de fumaça e ódio
Deitava-se na noite
Esperando que alguém viesse embalar seu sono.
Sabia que as esperanças haviam de morrer uma hora,
Só não estava preparado, ainda.

"A angústia e o medo ainda persistem
Os homens nunca esquecem suas flores mortas"

-
"Bouquets são flores mortas num lindo arranjo"

domingo, 29 de maio de 2011

Veneno

O veneno corre minhas veias
Meu coração podre, parando,
De minhas câmaras, só as teias.

Anseiam me matar, assim sem razão?!
Sua maldade já me enterrou, então.
Compras minh'alma e a de meus entes,
Com olhos de tons maliciosos
Com seus atos sempre tão maldosos
E ações de mãos decadentes.

Se minha existência lhe tira a paz,
Que ela atormente teu sono,
Num tempo em que não viva mais.

Não me deixe aqui, enclausurado
Por culpa, ou amor não demonstrado.
À você, dedico minha fé,
São seus, meus últimos suspiros,
Em tuas recordações, respiro,
Como dias em que estive em pé.


Não me deixe morrer,
Eu imploraria.
Não me deixe morrer,
A paz me traria.
Não me deixe morrer,
Enfim, padeço.
Não me deixe morrer,
No chão apodreço.

"Toda criatura neste mundo morre só"

sábado, 28 de maio de 2011

Ode aos Grandes e aos Medíocres

A existência e o vazio
São espelhos frente à frente.
Fitas sem temer?!
Negue, Negue-me diante dos soldados;
Fugir é sempre uma solução viável!
Todos os juízos jogados ao chão,
Conceitos e verdades estraçalhadas,
Só porque existe uma força maior;
- Que os ateus se curvem!
Ah! Ia me esquecendo
De seus inflados egos e sua arrogância!
Esta tamanha grandeza que vem de gerações
De gloriosos estudiosos e conhecedores
(Os maiores sábios em suas tumbas)
O que me apetece mais do que
Marx e Tolstói bem mortos e enterrados?
Seu grande conhecimento, Que honra!
Seus livros em minhas mãos
Não valem mais do que páginas brancas cobertas
De lama e de feses.
Suas capacidades, méritos e rios de sangue
De algo os valeu nas dificuldades?
Que os filósofos se suicidem,
Que morram os Padres e cientistas! -
Nasceu a nova era.
A era do câncer na cabeça,
Da Morte súbita no domingo à tarde,
Tempo de parar com as Utopias.
O filho de Deus se fez homem,
E o mérito do maior homem
É sua pena de morte.
(Até Deus se rebaixa à ser real, se for)....
- [Parada reflexiva] -
Covarde para olhar no espelho, Você se achando o maior!
Apontando o dedo contra os outros?!
Homem de lama, incapaz de enxergar.
Todo seu orgulho estará podre quando for o tempo.
Todos vocês, tão cheios de si, à minha volta,
Hão de apodrecer como eu.
E quando o dia chegar, vou gargalhar com fervor!
(Tamanho nojo que guardo de suas existências medíocres)
Não aprenderam à ser. Se auto-afirmam mas,
Só enganam vocês mesmos e os palhaços que são sua platéia.
Mas eu sou capaz de ver o inseto que caminha sob seus pés.
Eu convivo com os lagartos que ignoras!
Estou com eles hoje, na casa onde moro e,
No juízo final, hei de saborear com eles,
O banquete delicioso que serão tuas mortes.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Vida de Restos

O medo arromba o quarto
A dor tomando o corpo com violência.
Suas mãos tremem, o coração dispara;
Tão triste, tão vazio
Nu, no chão gelado
Tremendo, com os lábios secos;
Aja, aja, aja!
Suas percepções sem nexo,
Escoando pelos ralos da sanidade.
Como se sente garoto?
Como se sente?
Vivendo no reino das baratas,
De orações mortas,
Sustentado nesta Fé apodrecida.
O suor frio, o congela por dentro,
Sua carne se corrói,
Seu espírito consumido.
Sorria! É sua morte!
Por favor não se esconda...
A realidade resolveu aparecer;
Não aprendeu nada com esta vida mediocre!
Não ganhou nada neste mundo!
Seus troféus de merda,
O cheiro fétido
De suas milhares de derrotas,
Penetrando seus pulmões.
Fracassado, mais uma vez,
Essa luz te cega, consome,
Consome teus olhos fracos!
Deite-se, na cama de espinhos,
Filho das trevas,
Marionete do tempo,
Jogado num canto, desgraçado,
Neste seu mundo de sobras
Neste depósito de lixo.
Seu pesar é a vida -
Mas a morte não liberta!
Dançando valsa com os vermes,
Se alimentando de seus restos,
Do que eles vomitam -
As lágrimas cobrem o rosto branco,
Os seus ossos, mais nada, no chão.
Os escombros de um jovem,
Sem alma, sentimento anestesiado
Acabado, acabado!
Olha em volta; Um Anjo Morto,
A sua vida é feita de restos!
O que é que sobrou para você?
De tudo o que mais ama...
O que é que restou?


"Amarrados, esfolados
e gritando no porão
Fuzilados, ensanguentados,
vomitando o coração"

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Claustro

Todas as vezes em que eu sorri,
Sentimento volátil - Inspire, inale.
Era tão fácil esmagar estes meus dentes
Entre os pés brutos de sua maldade infinita.
Ah! Como eu quis!
Como eu quis naquelas tardes
Me olhar no espelho com ternura.
Meus olhos insistem em sangrar
Tão negros, tão impuros, assustados.
Meu corpo na fogueira.
Minha sede insaciada.
Me debatendo, a pele dilacerada,
Defecando pelo meu maldito corpo,
Tamanho o medo desta vida inútil!
Nada abrange estes meus vícios...
Todos os defeitos apontados -
Os cães vadios ladrando,
Mordendo seus próprios rabos.
Desgraçados! Que morram todos!
As narinas exalam sangue,
Até morrer de hemorragia,
Meus lábios rachados de tão secos
Amaldiçoam tuas belas esculturas.
Arquitetônicas, minhas pernas bambas
Tão prestes à ruir.. Uma vida inteira à ruir.
Não me mostrem seus dentes amarelos!
Este pássaro sem asas,
Tão incapaz de cantar.
Neste claustro escuro,
Sem chance de Ser.
Agoniza, Agoniza, agoniza...

"Godless
Feeling
In me,
I Couldn't Love it anymore,
I Couldn't Take it anymore,
So You Leave me,
Godless "

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Descanso

Desligue os aparelhos
Eu imploro! - Descansarei minha cabeça,
Eutanasia para meus sonhos.
Me sinto um maldito à cada vez que sorrio.
Por ainda aguentar esta vida de misérias e migalhas.
Por não ter sido massacrado, ainda;
Pelos erros, pelas mortes, pela ignorância.
Sorrio, quando não deveria mais mostrar os dentes.
Por aguentar a dor, mais e mais forte,
Enquanto pisam sobre meu crânio,
Me fazendo sangrar. me fazendo querer esquecer
Todas as vezes em que fui derrotado;
E me fazendo querer esquecer
Esta maldita e vazia existência.
À minha volta, vocês sorriram
Enquanto os vermes passeavam por minhas entranhas;
Enquanto estive jogado às traças,
Exposto em seu museu macabro
De escárnio e negro humor sarcástico.
De risos medonhos sobre meu caixão.
Eu não sou deste seu mundo de maravilhas,
Romances e amores sem fim;
Sou um cadáver, nasci para morrer!
Me tornei uma sombra maldita e,
À cada passo, à cada sonho morto,
À cada fracasso; Me sinto um completo idiota.
E sou.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Faces Marcadas

Chegou, antes que anoitecesse,
Com a angústia de quem aprendeu viver
Num mundo de infinita treva
E suas retinas sem foco sonhavam.
Com ainda aquele antigo rosto marcado,
Sorrindo por eu estar desfigurado.
A mesa estava bem posta,
- Banquete para os trouxas! - Ébrios, cantávamos.
Tentava trilhar o crivo estreito da vida,
Seus pés tortos impediram.
Segurou firme em minhas mãos,
Eu jurei que iria segurar.
Fumaça nos céus; O coração tão seco...
Seus pulmões, duas pedras de carvão queimado;
A culpa tinha largos olhos
E tão alta era sua voz nos ouvidos
Que os tímpanos começaram a sangrar.
- Esses são céus, meu amigo -
Começou o diálogo de forma estranha
- De um cinza tão intenso quanto teus olhos depressivos.
- Preciso de mais uma dose - concluí.
Havia chego atrasado para seu velório,
Minha mente tardia me ludibriara novamente,
E ele continuou:
- Nem comecei a viver e me chega a morte
Neste belo vestido de noiva?
Assoprou o pó da mesa pelos ares.
Os sentidos haviam se perdido,
Suas mãos sem tato, sempre tão leprosas,
Nunca juntas em suas orações vazias.
E eu, ali no chão mais um dia,
Nem soube agradecer os poucos trocados
Que a raiva me roubou naqueles anos...

"Não mais seria como os velhos dias
Nunca mais voltaria à ser"

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Diálogo com Deus

- Fugindo pelas janelas;
Esses prédios negros
De sua cidade estão entediados.
- Quiseram estar altos como você, não?
Você me disse não querer viver mais nem um dia,
E olhe agora para si:
As pupilas dilatadas
O sangue pulsando e a falta daquela antiga dor...
- O pus de dentro do meu corpo
Jesus é que colocou.
E sentou do meu lado,
Na sarjeta cheia de esgoto,
Fedendo a lixo e vômito,
Veio conversar com seu Deus um pouco
e até se arriscou a me confundir.
O frio estava intenso,
E ele deitou pra se encontrar -
Tremia no chão, cospindo espuma
Até secar a mente, deixar só pó.
E eu observava, com um sorriso sarcástico.
- Agora você me entende,
Mesmo que soemos tão patéticos nessa madrugada.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Brother

"You were always so far away
I know that pain
So don't you run away
Like you used to do"


Alice in Chains

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Mãe

Beije em meu rosto,
Um pouco de sua crueldade,
Antes que teus lábios secos apodreçam.
Sorrateira, me observava
De fora, mas de dentro
E minha alma queimava em ódio.
"Desde quando está à porta
Observando minhas ações?"
Não sou capaz de suportar.
(Meus joelhos esfolados jorravam sangue
Até que eu não conseguisse mais caminhar)
É, aprendi muito desde
Que os últimos dias frios se foram...
Confesso que era mais feliz, antes.
Olha, mãe, olha bem pro seu filho depressivo
Vê só como caminha torto;
Os pés tão defeituosos...
E mesmo assim, nunca te trouxe orgulho
que eu tenha pernas? -
E braços, e coração. Eu tenho um!
Você não se reconhece em minha face, não é mesmo?
Olha para mim, mas não sou seu.
Mas se desejares, posso atear fogo à minha pele
Até meu rosto ficar desfigurado,
Assim, um dia, glorificado
Pelas suas mais nobres piedades católicas.
Ó garoto (converso comigo mesmo, em insanidade),
quais amores você viu morrerem aos poucos?
Me recordar de todos... que lástima!
E tu, porque ainda se rasteja como o verme que és?
Porque não cai ao chão como os outros
E se debate, em agonia, pela última vez?
Nada aqui tem futuro, jovem.
Ao contrário do que diziam, você cresceu.
E isto que vês no espelho, é o que tu és, sim!
Infiel à tudo em que pode acreditar um dia,
Traidor de ti mesmo.
És um maldito - E não volta à infância.
(E volto-me para fora de minh'alma)
É mãe, tu me olha de cima a abaixo e sou o mesmo
Mas por dentro,
Sou só mais um dos que morreram cedo.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Os músculos vibrando pelo corpo;
Estagnado, boqueaberto -
Estive quase morto;
Face a face com Deus.
Venha, amor, abra meus olhos!
Vamos dançar na lama um pouco!
A chuva cai -
Caem meus olhos no espelho;
E a noite, arde.

domingo, 1 de maio de 2011

Amores de Gato

Minha gata se aproxima do pé da cama.
Meu corpo estirado, semi-morto
(Oh, como desejava que os quases não existissem!)
Jogado nas cobertas desarrumadas.
"Venha cá gatinha, venha cá"
E ela pula, e mia de mansinho,
Em minha mente ela me diz:
"Não consigo me esquecer, Bruno,
Das noites em que me deitei entre suas pernas"
Mas no fundo, é só um grunhido.
Se aconchega ao meu lado e massageia minha barriga
(Suas unhas incomodam um bocado).
"Aconchegante, não?"
[Nota mental: Gatos não entendem sua lingua, Bruninho]
Queria questioná-la, saber qual o sentimento
Que ela ainda mantém para com a minha pessoa.
Há quanto ninguém dura tanto tempo ao meu lado?
Ela vira-se e se deita.
No fundo, só ela sabe que meu corpo ainda é quente.
"E você ainda é capaz me tirar sorrisos, danadinha!"
Ela parece sorrir para mim, então, sorrio para ela.