quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Deus de Minhas Noites Solitárias

As cortinas se fecham nos horizontes.
Pelas ruas cheias de cadáveres, a angústia se arrasta, como um verme em meio aos vermes - Está nos olhos dos cães, nas faces sem vida, nos corpos pálidos e estirados.
Intenso e sincero, o frio da noite arde para além das portas trancadas de minha casa, até romper suas estruturas.
Um vazio repentino toma meus contornos, estraçalhando-os;
Seus cacos se espalham pelo chão, enquanto uma presença sorrateira percorre os corredores até chegar ao meu quarto.
Um espírito desgarrado de essência ou substância - Nascido do lodo imundo d'onde brota todo tipo de praga.
De dentro para fora, sua maldição se prostra sobre meu destino.
Minha alma reflete toda a miséria e o vazio de ser um humano.
Cada migalha de minha matéria toma sua forma; Sou agora a Sombra de seu Vazio, Reflexo de sua Ausênsia.
Suplicando alegrias maiores, ou alívio eterno, minhas mãos não existam em sufocar-me.
Como o desespero de um inseto insignificante, meus últimos suspiros se dão em inúteis apelos por piedade, ou paz.
Em minha cama solitária, meus lábios sangram, sentindo pela última vez, o amargo gosto da derrota.
As cortinas se fecham no horizonte.

terça-feira, 19 de julho de 2011

"Sharp and Open, leave me alone and Sleeping less every night, as the day becomes heavier..."


[Poderia ser meu post mas inútil.
6:45, boa noite ou bom dia?]

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Marina Pedersen

Mais um texto que não é meu,
Tem se tornado comum, não?
Bom, ter amigos escritores não é fácil! (tá tá, Bruno).
Nem preciso dizer o quanto essa pessoa é especial para mim e como fez e faz diferença em minha vida..
Só eu e ela sabemos (hell yeah!)
E escreve maravilhosamente bem!
Vamos ao que interessa:


"Mataste nossos filhos
Mataste-os antes que
Teu útero maldito pudesse
Carregar a fagulha mínima
Da esperança de nossas longínquas aspirações

Os fetos nunca concebidos
Sem vida antes da vida
Despedaçados na não-existência
E o que sobra é o que eram: desejos vagando
Em minha mente agora conturbada

Filho que perde o pai,
Orfão.
Pai que perde o filho,
Condenado a (con)viver com
A lembrança do que um dia fora a segunda chance
De fazer valer a dor do parto,
a dor de duas vidas sem alicerce.
Pai que perde o filho que nunca teve,
Assombra a si mesmo com hipóteses mortas
Da suposta concretização de seus sonhos"
Marina Pedersen

[Não tem título, e é carregado de uma parte ruim minha, mas é maravilhoso demais!]

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Os Porcos

Difícil
Se ver diariamente em meio aos porcos
Rastejando pela lama, em busca de algo;
Algo que tenha valor, neste lamaçal.
Tentar se enturmar, se sentir bem,
Pertencer.
Olhar sua face no espelho
E por um dia - Só por um maldito dia -
Tentar sorrir por não estar morto.
Mas não... Quem dera estivesse!
Difícil.
Os dias se arrastam como serpentes maliciosas;
Com sua dança repetitiva, ludibriam a realidade
E os sonhos, um por um, se exitinguem.
Através do tempo, fracasso incessantemente.
Caio à todo instante, de joelhos
No pó dos ossos de meus ancestrais
Tão mortos quanto aqueles sonhos de minha infância.
Me vejo orfão de minha própria existência;
Estou perdido mais uma vez na trilha...
Trêmulo, em desespero, sem ter para onde correr
Procuro, em agonia, uma saída.
Procuro me levantar do quão mesquinho é
Coexistir com o mais puro e malcheiroso esterco.
Já não me encaixo mais nesta vida;
Na vida que meus ancestrais levaram.
Desejo fugir.
Rasgar este horrível figurino de porco
Em que me vejo envolto.
Desejo fugir.
Com todas as minhas forças, correr.
Mas olho para mim com desprezo
Quando vejo que vou ser sempre este maldito porco.
Arranho os punhos, mordo os lábios, até sangrar
Torcendo para que Deus rasgue os céus
Acabando com tudo. Acabando com essa dor.
Difícil, quando se é um porco, acreditar em Deus.
Difícil.

terça-feira, 5 de julho de 2011

De Joelhos, à Beira da Praia

Eu sinto muito, mesmo.
Sinto pelos dias em que deixei
que as águas do medo te engolissem
E à vi afogar, de longe,
Ainda com aquele desejo estranho nos olhos
De naufragar e nadar com feras aquelas
Enormes como as angústias joviais
Que atormentavam tua rara felicidade.
'Tudo há de perecer'
Me disseste naquele dia,
Afundando a cabeça dentro d'água,
Até que seus pulmões ficassem insuficientes.
E as lágrimas cobriram meu rosto infiel,
Ao ver teu corpo estático
"Acorde, querida! Acorde!"
"Eu imploro!"
Inutilmente supliquei, enquanto à olhava,
Fria e cadavérica,
Não mais minha, Mas agora, das moscas.
E na beira desta praia de frustrações
Fitei teus lábios, secos para sempre,
Mas sem poder beijá-los...
Eu estive lá! Sempre estive ao teu lado.
Quantas vezes, aqui, nos ajoelhamos,
Quantas vezes, aqui, morremos.
Nossa vida de desejos estranhos,
Baixa, sem nenhum horizonte visível.
Quanto rancor em nossas vidas de desejos estranhos!
E quantas razões para odiar minha existência.
Pelas vezes em que falhei; Infinitas.
Mas eu imploro: Me perdoe! Eu sinto muito...
Eu senti muito, todos os dias;
E Todo o ódio-próprio
Passeia por minha mente desesperada
Nesses dias frios.
Daria tudo para voltar atrás
Daria a vida para ter o que tive.
Tudo para não viver agora a vida de joelhos.
Sem mais ternura,
Nem esperança, nem desejos tortuosos.
Vejo o que restou aqui...
Eu e teu cadáver
E meu ódio, acumulado do teu.
À beira da praia,
Só este vazio e eu,
De joelhos, lado à lado.
Daria tudo para voltar atrás.


"Your love looks like blood tonight
In the shadows no one sees me cry
Your love looks like blood tonight
But this feels so right..
It hurts so bad to say goodbye"

"We fade to gray"