domingo, 31 de outubro de 2010

Corações que Desaprenderam a Amar

Marionetes sem boca,
Furando os próprios olhos
Para não poder enxergar
Os medos que escurraçam suas almas

Guardando segredos antigos
De sua infância perdida,
Cheios de desencantos
E fraquezas infinitas

Entre espinhos e dor
Se desenham suas estradas
Buscam conforto,
Sem encontrar nada

Nos caminhos, os sonhos
Se sacrificam em holocausto
Novos ventos sopram,
Mas os pulmões estão exaustos

Não querem mudar,
Não querem melhorar
Procurando estar sós
Por medo de confiar

Os segredos morrem
As infâncias se esquecem
Mas os medos perduram
E as almas, perecem

Estão perdidos, estáticos
Numa linha, sem saída
Sem chances, sem abrigo,
Pra salvar suas vidas

-
Os corações desaprendem o amor
Os braços não sabem mais dar valor
Os sorrisos temem se abrir
As lágrimas morrem no chão, ao cair

Quando é que o inferno acaba?

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O Dia das Horas Iguais

Ponteiros secos de horas tortas, massacram meu tempo.
Em meio aos cacos, alguns momentos mórbidos me sobram, descontrolados.
E o relógio corre e corre.... Flui.
Se vai até não restar mais vestígio.
Quando menos se espera, se vai.
Viramos poeira! Agora não nos resta nós mesmo!
Na alta madrugada, quase manhã,
Em meio à insônia solitária e fria, pensava:
"Só por uns dias
Queria dormir e não acordar.
Só por estes dias,
Esquecer e não lembrar nunca mais dessa vida de misérias."
"Nunca mais!"

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quando se Tem Medo de Si Mesmo

O cansaço o consome cada dia mais.
Exausto, caminha sem horizontes à fronte.
Cada maldito dia em sua vida é só mais um risco nessa parede sem cor.
Cupins na madeira velha. Sombras acobertando as luzes de sua infância.
Queimadas, gastas, abandonadas.
Trancafiado, chora, com medo de si mesmo.
Confinado em algo que não é, nunca foi e não quer ser,
Porém seu escapismo não mais o vale.
Sem chances de compreender o porque de tanta maldição,
Rememora os antigos pesadelos.
Cantando hinos à morte, rasgando a pele, marcada por inúmeras cicatrizes.
Recluso em sua alma de pedra, se escondendo nos cantos mais sombrios do espírito.
Tentando fugir de algo que não sabe o que.
As imagens nebulosas. Os sons amedrontadores.
O ranger dos dentes, o arranhar das pálpebras secas.
Doente. Da cabeça, do corpo. Do coração.
As tristezas corroendo por dentro,
Enquanto o fim se aproxima, triste e vagarosamente.
Deve libertá-lo do amargor que tráz no peito.
As correntes que o amarram à esta angústia,
Agora serão quebradas, extinguidas.
O que restará é o pó. E este, que o vento varra pra sempre.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Moscas

Uma mosca se arrasta.
Sem asas, se debate.
A luz se apagou. O fim chegou mais cedo.
Viveu uma mentira, mas o fim chegou.
Verdadeiro. Disleal, trouxe o frio assassino consigo.
Sem esperanças, solitária, insignificante, se debate.
Um coração pequeno. Uma dor enorme.
Anseia morrer, tem medo.
Apenas uma mosca que não pode mais voar.
Não pode mais ser. Não pode mais sentir.
Humilhada. Subvivendo em meio ao lixo e à merda.
Sente fome, sede de voltar a ser o que era.
Antigos e escassos momentos de vida não mais existem.
Se debate, agonizante.
Quer gritar, mas ninguém pode ouvir.
Só mais uma maldita mosca no mundo.
Dilacerada pela vida. Esmagada pelos humanos.
Sabe que está morta. Só queria estar enterrada.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Pelo Dia em que Maias Foram Assassinados sem Razão Alguma

Os olhos, negros, fitam uma nova fobia.
A água escorre a sarjeta.
Lixo aos ratos de esgoto que, fiéis, aplaudem em pé.
Entulho mediocre. Restos, escombros sociais.
Um sorriso quase que triste, frustrado.
Os lábios cortados; Um frio seco, impiedoso.
Faróis pelo asfalto. úmido, podre, fétido.
Olhares mais baixos. Próximos, observam.
Trilhos frios dos antigos trens permanecem imóveis. Inertes, aguardam.
Vidas desperdiçadas. Lembranças esquecidas.
Estado vegetativo, os sonhos amputados.
O escárnio. Zombaria.
A putrefação corrói a carne. Fingimento.
Tenta ser forte, se arrasta, resiste.
Uma nova forma de injustiça disfarçada.
Uma máscara colorida; Uma face monocrômica.
A queda é infinita. Ininterrúpta, alcança as escuridões mais profundas.
Caminhando com ruídos estranhos, os olhos ardem à luz.
Uma angústia de bolso.
Medo de temer. Tremer por medo.
Os músculos falham. Mortos, tristes, inúteis.
Agonizantes criaturas se arrastam. Caem, impossibilitadas de se reerguer.
Impiedosa, a noite cai.

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Hearts fail.
Young hearts fail and i don't know just why.



[Estava sem computador - Isso é quase que uma coletânea de idéias que tive durante essas últimas semanas.
Pode parecer sem nexo, mas possui. E muito.
Recomendo ouvir Joy Division, mais uma vez, estou ouvindo]