sexta-feira, 25 de abril de 2014

A Casa Abandonada

Desamarrarei as sandálias, sujas de lama
Para que possa adentrar a Tua morada.
Virei, como servo e de joelhos,
Para que cuspas em mim e me faça enxergar que,
Depois de tanto pisar sobre as sementes,
Fiz com que nenhuma árvore de meu jardim produza frutos.
É culpa minha, eu admito,
Mas é um ano de frio amargo e cheio de pragas e..
Tenho certa dificuldade em lhe pedir perdão
Por ter amaldiçoado nossos filhos,
Rogando contra os justos, maldizendo os ricos,
Mas é que amor, oh meu grande amor:
- Malditos sejam os ricos de espírito!
Sempre tão inalcansáveis,
Sorrindo de canto de boca
Dando as costas durante Teus discursos sublimes!
Como podem eles ter o reino de Deus?!
Também eu não mereço pássaros azuis à amarrar meus sapatos?
Como não posso tê-los sobre meus ombros
Com a graça e a leveza dos desgraçados anjos?
Já não sei por onde vagas, amor!
E resta apenas.. Na rua onde moro.. Uma casa abandonada
Que esperará por ti, ao longo dos anos,
E cujas salas, mesmo que tu retornes, jamais serão novamente..
tão quentes quanto antes.