sábado, 31 de dezembro de 2011

Sim, eu já estive aqui!

Agora eu vou mudar de vida.
Decidi que realmente vou me renovar no ano que vai vir
E que a virada do ano vai ser melhor do que qualquer coisa que já aconteceu na minha vida.
Mentirinhaaaaa!
É não vou, tá uma merda como tá, melhor não tocar pra não desmoronar em cima de mim.
E que venha o fim do mundo, que essa Terra já tá velha!


"Tarde Demais pra se arrepender
Tarde demais pra voltar atrás
Tarde demais!

Todas suas escolhas
foram as piores
Tudo em que acreditou
Era uma mentira
Agora está velho
Sem forças pra mais nada
Não fez nada de bom
Desperdiçou sua vida"



Para refrescar a memória dos anos anteriores:

http://artedosfracos.blogspot.com/2009/12/o-ano-novo-e-vida-mediocre.html

http://artedosfracos.blogspot.com/2011/01/ano-novo-de-novo.html

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Onde Vivem os Humanos

Garotos imitando cachorros,
Notas de fuga ou suicídio em mesas de jantar
Outrora esquecidas por suas cores deselegantes.
O que há para me alegrar esta noite?
Sentar aos pés das cadeiras,
Como um gesto de piedade sem fim
Ou rebeldia em uma forma irônica.
E o que há por detrás dos montes,
Daquelas histórias de aventuras marítimas,
Eu nunca vou mesmo saber.
Não sou aventureiro da manhã,
Nem há nada mais à ser descoberto.
Alegorias de cabeças enormes,
Àqueles grãos congelados em neves fictícias
Todos já conhecemos as inúmeras faces da mesmice.
Desejaria-te uma mãe, para esta noite,
Chorando e de braços abertos para tua chegada,
Coberta da pele de outro animal qualquer;
Como um garoto imitando um cão,
Ou como coelhos com olhos machucados.
Mesmo assim, querida, devo partir,
Mesmo que precise de um abraço,
Mesmo que me falte ânsia de viver,
Devo construir uma grande fortaleza;
Vou unir todos os meus amigos,
Para só depois perceber que estou sozinho;
E então estarei pronto
Pra enfrentar os dias tal como são;
Monótonos, tristes, solitários...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A Valsa

Cravamos os nomes em árvores altas e inertes
Enquanto entre a neblina, a cidade desaparecia em cinzas;
Caminhamos por parques inabitáveis
Almejando nunca voltar a viver em casas solitárias.
As mães em véus negros nos aguardavam aos prantos
Mas sem que suas preces fossem ouvidas.
Nossos erros eram, agora, irreparáveis
Partimos sem volta, partidos ao meio.
Todo sonho haveria de ser enterrado,
E toda guerra cessaria em instantes
Por sermos um e dois à deriva e deitarmos lado a lado.
Em grupos, mímicos invadiram as ruas,
Em vestes sem cor, dançavam tristemente.
Segurando firme nos braços da coragem
Saltamos da maior ponte já construída,
À fim de jamais regressarmos à mares tortuosos.
A chuva haveria de lavar o coração das ruas
E novos caminhos nos seriam traçados.
Garotas habitavam as escadas dos edifícios,
Observavam de baixo as solas de nossos sapatos;
Vidas verdes e bondosas às seriam dadas,
Sob a luz da beleza de jasmins outrora esquecidas.
Outro inverno inglês se prostrava sobre nossos cabelos grisalhos,
Nos sentamos à varanda, para observar o fim das flores;
Nossos corações batiam murchos na noite infinda,
Mas completos por termos vivido ternamente.
Os insetos se descobriam entre frestas na madeira,
Nos cumprimentando e saudando nossas existências...
À limpas vestes e espontâneos bons modos,
Saboreamos ao lado deles a última ceia;
Aprendera a ser homem com os lobos lá fora,
Agora, deixaria que a vida dançasse comigo uma última valsa.

"So you come up to me and spit right in my face
And I didn't even feel it, it was such a disgrace
And I punched my fist right through the glass
Well, I didn't even feel it, 'cause it happened so fast

Such fun, so fun, fun, fun... Real fun"

Melancholia

Somos todos essas malditas marionetes;
Curvam-se as estátuas à nossa passagem,
Entoando cantos de derrota e requiéns;
Somos também pó de seus escombros.
O destino então nos deixa sem rumo -
Morando em estruturas ocas
à deriva de uma corrente que avassala
Todos os desejos mortos na "Belle Époque"
(O auge é sempre nos dado em forma de passado).
E as estátuas à que chamamos tolas e,
Frias por não se moverem,
Riem das alturas por não enxergarmos mais
Nenhum caminho coerente a seguir.
Ladeiras, derrotas, frustrações
Todo o lixo meticulosamente guardado
Dentro das costelas cansadas de nossos pais,
Agora despejados sobre nossas cabeças tortas.
E toda visão embaçada da fronte,
Fins de semana chuvosos em sua cidade natal,
Tão bem gastos quanto as moedas enroscadas em bueiros esquecidos,
Agora são só devaneios que se foram,
Quais aquelas quimeras da infância,
Onde as dores dos adultos,
Eram moscas presas em teias de aranhas assombrosas.
Me sinto perdido, totalmente deslocado,
A melancolia sempre deixa o amargo das cinzas na língua,
e a correnteza das sarjetas leva consigo meus sonhos;
Meus olhos no meio-fio esmagados, incapazes.
"Vamos lá, garoto! Vamos nos divertir, esta noite,
Nossa juventude descartada em maços de cigarro
E entorpecida em destilados baratos!"
Convenhamos,
Não se dá ouvidos à uma maldita marionete.

"Walking down another cold dark street
I'm waiting for dawn...

..The heat from the sewer gate don't warm my bed
The snow ain't cold anymore,
Feet are so cold from the holes in my shoes
The churches locked up their doors

But i don't care, go and push me away
You can't hurt me anymore..
Not anymore"

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Dança Tonta

"Não quis passar a minha mágoa,
Embora não pudesse evitar
Bouquet de vinho, mas gosto de água
Nó em minha garganta que as horas
Não conseguem desatar, não..

Não foi preciso consolo,
Pois me senti tão tolo depois de chorar
Gosto de nada na boca,
Somente a raiva que sentia
Me faria mastigar

E por mais que eu fique tonto,
O mundo insiste em balançar
Por dar corda nos meus sonhos,
Mal pude acordar

Por um momento te amei tanto,
Momento de tormento
Mas agora nada tento, por enquanto
Espanto em achar

Um ponto de beleza
nesta irônica era de incerteza,
Achar.. Um ponto de beleza
nesta irônica era de incerteza...

E por mais que me doa a decisão
De saber o que sinto,
Minto, finjo a cada Sol que não vejo nascer
Nem se pôr,
Suponho que os dias tem passado
Mais rápido que o esperado
E quantas vezes dormi do teu lado
Ou me esqueci de teu rosto...
Mas meu desejo, não era sua vontade
E a mão que me afagava é a mesma que me afoga..."

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Oco

Tomo-te por minhas dores,
do ventre, morto o caule,
Tomo-te por minhas dores.
Cegos sentimentos me cobrem
Enquanto me deito aos prantos.
Como minha mãe, faltaste-me em tudo,
Como pai mataste minhas alegrias,
Solto, nada me resta,
Como prêmio ou por piedade.
Ó! vida, Ó! Cruéis dias!
Que passam-me desapercebidos,
Voltem pra ver teu filho
Andar por trilhos tão tortuosos.
Amar é doar-se, compreenda-me
E o vazio arranca-me os pedaços,
Não me deixa à sorte ou ao surto,
Aqui não há colo que me acolha prontamente;
Aqui é só frio e solidão,
E a fronte banhada a drama;
Ungida da dor de meus dias,
Tão secos, esquecidos e inúteis.
Acabei-me aqui em meu quarto,
E nas calçadas destroçadas das ruas.
Acabei-me aqui sem sombra,
E sem sombra de dúvida.
Entre os cães hei de sentar, certamente,
Compartilhando sua vida sem rumo
E com eles hei de comer o banquete
Esquecendo-me de como é ser humano.
Agradeço-te e deixo tudo aquilo
que conquistei em minha vida breve.
Ficam meu adeus e meus pêsames,
Pelo garoto que aqui morava.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Limbo

Passada a hora do fim, observávamos um animal morto,
Vestidos com lama e munidos de sorrisos de palha.
-Queria me rasgar de dentro para fora
Disse ele;
- Não te amo mais - Ela respondeu;
Ininterrupto, ainda o discurso, continuara:
-Quero ver meus rins apodrecerem,
Enquanto meus verdadeiros músculos rasgam a pele,
E então, quando meus líquidos negros
finalmente escorrerem pelo abdome,
Irei correr o máximo que puder, até os joelhos partirem ao meio,
gritando o nome de Deus aos quatro ventos e rindo,
Cuspindo para fora de meu corpo oco a alma,
Engasgando em minha própria mesquinhez;
Observarás, Ainda de cima,
Com toda sua maldita graça de anjo arrogante
Rindo de minhas fraquezas,
Mas eu e minha baixa cabeça já estaremos enterrados.
-A última e mais tosca piada sem graça que sairá de tua garganta nojenta.
Então é sobre isso que você retrata,
em qualquer palavra de rancor e inferioridade que ousa em chamar de arte?
-Vocês me tratam feito uma criança deficiente
porque são incapazes de entender a mordaz dor que me aflige;
Não tocam minhas mãos magras, consumidas e frias
Quando meus medos dançam na podridão de meu quarto
E ainda cobrem-me com lençóis fedendo a cigarro barato.
Agora saia de minha casa e me deixe em paz;
Para que eu possa apagar a chama de vida que ainda mora em mim.

"Gotta give up on this netherworld
Gonna go up where the air is stale
And live a life of pleasantries
And mingle with the modern families

..This Limbo is no place.."