terça-feira, 26 de abril de 2011

Os Profundos Desejos

Ainda poderia.
Um desejo que o consumisse
Como chama no frio
Calada, sentada e cautelosa
Incapaz de aquecer
Queimar-lhe os olhos.
Colocaste o olhar incerto
Por além destes morros azuis?
Deslizaste seus dedos magros
Pela poeira que cobre a cidade seca?
Me lembro de ti quando criança,
Desenhando estradas as quais não trilhaste:
Ó garota, não vá depressa demais
O chão está liso!
Ainda hei de desejar
O abraço daquelas mães.
Quais tenues linhas
desenham seus lábios quentes...
Os gélidos dias se afastavam,
Quando deitavas junto à mim...
Sonharia contigo, uma vez mais -
Um manto que me cobrisse -
E acordaria ao teu lado.
Mas o suor é que me escorre,
Quando um pesadelo me desperta
De repente e no meio da madrugada.
Sento e um desejo me toma,
Consumido por tudo o que é negro.
Me deito, durmo e meu sonho se vai
Para onde quer que leve
A estrada que passa por debaixo
Destas janelas solitárias.

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