quarta-feira, 28 de março de 2012

Sentir Seu Ódio por Mim Rasgar de Dentro para Fora

Dilacerem-se as almas
E que anjos vomitem as asas;
Por serem toscos, ásperos,
Por lançar ira sobre os homens.
Sonhos impunes aqueles de outrora,
Por ser capazes de mudar um mundo injusto;
Hoje frios e mortos,
À atormentar noites sãs..
Que nenhum Deus seja meu!
Que nenhum Senhor Aflija-me,
Pois sou mártir de mim mesmo!
-O garoto se aproxima do trono,
Toca-o e contempla-o como à Alma daquela sala.
A Voz grave ecoa -
Impuro seja o nome do homem que for capaz
De sustentar-se com as próprias pernas!
Que sofra aquele que ousar
Desperdiçar a jovialidade à caminhar sobre a lama.
Os ecos fazem da voz metáfora de tudo que existe,
No mundo efêmero que é um instante.
Mil mãos de areia podem tentar - eu respondi -
Construir paredes espessas de ouro puro
E falharão sucessivamente, até sobrar só as minhas.
E meus pés, já não sendo parte do corpo,
Magro e nu feito uma estátua,
Hão de sangrar mais ainda que agora sangram:
Pois não são dignos nem de tocar
O chão de pedra que o garoto habita.
Silêncio profundo se instalou:
Dali pra frente, nada mais aconteceu.

terça-feira, 27 de março de 2012

Monólogo Poético-Didata

De vez em quando
Acendia uma fogueira
Nos campos mais gélidos
E esquecidos da alma;
Passaria-se muito tempo
À dormir embalado
Pelas dores sublinares;
Mais este (embora raro)
Calmo mantra religioso
Servia bem para
Encontrar dentro delas
Algum tipo de alívio.
"Abracemos o alívio
Pois deve-se amar
Todo e qualquer hiato
Na tristeza doentia
Em que os dias se cobrem"
-
Deixemos a poesia de lado.
Houveram dias, devo contar à você,
Meu grande, grande amigo,
Onde ela era capaz de perder o cansaço
Tamanho o interesse que possuía
Por minhas palavras mais banais.
Mas agora, percebo...
Do que importa, afinal,
Se foram-se esses dias?
E, com toda a certeza do mundo te digo,
Foram-se.

quarta-feira, 21 de março de 2012

A Verdadeira Selva de Pedra

A vida floresce em volta
De um totem frio e morto.
Dias se passam como poeira soprada;
Células solitárias à se multiplicar,
A dançar, dadas as mãos
Com o tédio de todos os seres.
Antigas tristezas e ânsias,
Refletem apenas monocromia,
Mesmo em vívidos sonhos estranhos.
Homens erguem e tombam,
Mas não ousam inflamar os céus
Com sonhos reais e puros,
Os quais citam em suas poesias.
Os homens constroem estátuas,
Como metáfora de seus espíritos,
Porém deixam-nas à mercê do esquecimento,
Repletas de marcas sem sentido,
Das dores nelas cravadas
E das quais somente elas se recordam.
A pedra existe, mas é incapaz de sentir,
Tem sua alma à esparramar-se pela areia.
E agora tudo que é essência
Remete à flor e ao campo verdejante,
Porque foram dilacerados e abandonados
Todos os desejos e ânsias
E por dentro de todo e cada homem
Jás somente pedra, morta e fria.
A vida floresce em volta,
Mas só em volta, nunca dentro.


E em cada espelho que olho,
Em cada olhar deprimido que fito,
Mora uma pergunta que, na noite, me atormenta:
Estaria a verdadeira selva de pedra
Dentro de mim mesmo?

sábado, 17 de março de 2012

Pelo Ralo

No princípio era a depressão.
E a depressão era bela em si mesma.
Lembro-me dos primeiros dias;
Observá-la como um cristal raro,
Nascendo de minhas costelas
Todas arrancadas e prostradas
Em um altar, onde eu era o cordeiro.
Antes havia beleza em estar
Como estou neste exato momento.
Baixo, sem nobreza.. Escuro.
Como quando os anjos chamavam por mim
"Escuro! Escuro!"
"Estou aqui!" eu respondia,
Das sombras do canto de um quarto,
Enjoado, vomitando sobre a pele nua,
Arranhando-a até rasgar
Os olhos a escorrer pus.
Mas agora está tudo morto.
O corpo desaba, derrete, mas não dói...
Pego-me a observar este certo cadáver.
E a distância entre eu e ele
É só o vidro que nos separa, fisicamente.
Espiritualmente, somos o mesmo,
O mesmo caos pútrido de células.
E onde estará a calma e a Dor?
Não às sinto! Não sinto!!
Não sinto, não sinto e não sinto!
Roubaram-me tudo!
Roubaram-me a alma!
Roubaram-me todas estas coisas,
A beleza essencial!
Deixaram só lepra e maldição.
O pulso pára e seca....
Ligo o chuveiro, deixo fluir e
Desmancho na água.
Quem dera escorresse pelo ralo...
Quem dera...

quinta-feira, 15 de março de 2012

Peso Sobre as Costas dos Jovens

Tristes olhos à observar,
Errar, cair, despedaçar-se.
Que são risos? Lágrimas? Nada!
Com outros olhos vejamo-nos. Inexistimos!
Os lobos distribuidos pela floresta
Morrem de fome, de tristeza, de vazio.
São lobos! E como lobos, que sangue
Amargaria-lhes tanto a boca que os faria vomitar?
É nossa carne presa entre seus dentes.
Nossos ossos quebrando como pequenos galhos.
Refugiamo-nos no escuro.
Em doses diárias de falso afeto.
Eu também estava na platéia quando a cortina se abriu.
E tudo o que havia eram atrizes nuas, sem rostos, sem seios.
O medo toma o espaço, onde um dia, morou o coração.
Estamos perdidos. Inamáveis.
Todo o fingimento diário vem nos dominando.
A vida se torna um eterno pesar; Não há hiato.
Os pés afundam e afundam. O desacato desanima.
Cinza cobre os céus de cada um.
E é só quando nos olhamos no espelho que percebemos:
Muito peso sobre as costas dos jovens
E todos acabam em uma cova rasa.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Outono



[Refazendo A Música outono, agora com 10BPM a menos, qualidade um pouco maior, volume mais alto, com alguns detalhes adicionais e continuação.]

quinta-feira, 1 de março de 2012

O Sétimo Selo

A peste se aproxima;
Evitamos de todas as formas:
Ateamos fogo à pele,
Atuamos e inventamos jogos
que fingimos ser capazes de vencer.
Mas este anjo, o anjo da destruição
À ele nada escapa.
Sentes o vazio?
Fite meus olhos frios,
Coloque-os em sua face...
Estão inebriados do vazio,
Do vazio que nasce por detrás da lua.
E Quando o sétimo e último selo for aberto
E os sete anjos com suas trombetas
Começarem a soar um por um,
A morte nos fará uma visita,
Para dar o xeque-mate em nossa existência,
E nos convidar para dançar
Ao sabor do Juízo Final.