sábado, 11 de dezembro de 2010

O Trem se Foi

A vida é um trem alcançando o fim de sua linha.
O desespero faz com que alguns saltem pelas janelas
Para o grande abismo da inexistência.
À estes só resta o esquecimento.
As drogas fodendo sua mente,
Os humanos fodendo seu coração.
A tristeza dominando,
Você agonizando e se debatendo,
Com seu sorriso amarelo, de plástico,
Um script repleto de falas otimistas
De um personagem coadjuvante de sua própria história,
Antagonista de uma trama sem surpresas.
Inalando fumaça, a gola o sufoca.
Aperta o nó de sua gravata,
Aperta o nó em sua garganta,
Mas está apresentável para o espetáculo.
O mundo te soterra cada vez mais
Com suas traições hereditárias,
Com suas ambiguidades de morte súbita
E suas coroas de espinhos.
E você cava sua cova diariamente,
Comprando flores e compondo requiéns
Para um velório que não poderá assistir.
Matando seus antigos amores
Chorando diante de suas sepulturas.
À beira da ferrovia escura e solitária
Esperando que a verdade o abrace,
À margem de sua própria vida
Beijando ingratidão e desprezo.
Sem tocar os céus uma única vez,
De joelhos esfolados e palmas ensanguentadas.
Sem conhecer ascenção,
Estagnado, sem saber crer em sua capacidade.
Espera que o trem já chega, amor,
Mas espera com a gola nos trilhos.

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