sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A noite dos desperados

Forte, mais forte, me toma
Forte, toma pela mão, chamando à sombra
Um assobio, no eco da noite mais negra
Descobrindo o mundo, forte e real.
Escuro, Escorre pelos vãos
O amargo do sangue na boca
Negro refúgio dos desperados,
Enquanto os relógios enlouquecem
No Sol frio de cada manhã seca.
Mais um dia, ou outro qualquer,
Orfão de alegria, cego de amor,
Qualquer coisa que o valha;
Gotejando como se ainda restasse sangue
Sofrendo como se podesse sentir algo
Debilitado e em coma profundo,
Só, na madrugada mais vazia.
Madrugada dos cães que ladram selvagens
Da nevoa das ruas desconhecidas,
No temor dos anjos sem asas
Um coração taquicardíaco.
Na cidade, cinza e podre
Bate ainda, acelerado,
Ansiando a vitória dos desiludidos
Mordendo os lábios, em angústia
Ludibriando infernos vãos
Pessimistas por natureza,
Hipocondríacos, incapazes
Destinos de orgãos insuficientes.
No bravo debater dos medos
Na noite dos desesperados,
Trovando glórias míopes
Desbravando guerras suicidas
Esculpindo fantasmas enebriados
Sangrando cortes mal-cicatrizados,
Tomado pela mão, à caminhar só.

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