terça-feira, 2 de abril de 2013

Sob a Sombra da Humilhação

Degole-me em lençóis sujos de merda,
Minha cabeça, histérica, anseia descansar.
Morda minha língua e cuspa meu ódio,
Drene a sede de miséria que me visita
Ao cair de toda maldita noite.
Foram vinte anos de olhos baixos,
E marcas de suas solas em meu rosto.
Foram vinte anos de murros contra a parede
E de mãos esmagadas, em migalhas.
Sou um cão aleijado por seu descaso;
Os cigarros pintam de preto minha alma,
E agora hão de apodrecer também meus braços.
Apresento-lhe minhas pupilas;
Cobertas de sangue coagulado e incapazes de se expandir;
Estão cegas, mas ardem ao sentir sua presença,
Quando você se aproxima, sorrateiramente,
Para pisar em minhas mãos assim que eu tentar me levantar.
Sempre encurralado, cresci à sombra de sua superioridade.
Sempre no escuro, arrastei meu crânio pelos cômodos.
Chegou a hora de terminar o que começou.
Esmague-o. Destrua-o...
Esqueça-o...

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