quarta-feira, 10 de abril de 2013

Ninguém Afronta Deus e Sobrevive para Debochar

Choro.
Volto os olhos para o chão,
Onde as escrituras trovaram que eu me arrastaria,
E choro.
Castro com sal os vermes que me escoriam com sua intimidação.
E gargalho cruelmente;
Porque não os afronto; Porque Existo e não os afronto.
Dilacero seus intestinos, estupro seus direitos,
Porém não fito seus olhos com afronta.
Tornei-me uma piada de mal gosto.
Não sou ameaça para os filhos dos santos
Que me acariciam com piedade,
E cujas mãos vão ser amputadas pela sarna que dissemino.
Quem há de reger então
A orquestra dos vermes que se alimentam de minha alma?
Eu, que
Faço da arte a desgraça mais rasa
E cuja face sem vida,
Beira um alerta de maços de cigarros baratos.
Eu, que
Quebro os braços e a coluna de uma garota -
Observo-a enquanto se contorce e se adapta à nova era:
Arrastando-se, vomitando pelos ralos e pias de cozinha.
Eu, que
Amanheci coberto de lodo,
Suportei a chacota de um Deus sádico,
E hoje sou só
Uma piada de mal gosto.


"Ninguém afronta Deus e sobrevive para debochar"  foi uma frase usada por Feliciano referindo-se às circunstâncias da morte de John Lennon.

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