sábado, 1 de dezembro de 2012

Os Filhos

A floresta sagrada queima
Em nossos pulmões, como carvão;
Os edifícios cobrem o Sol
E a fumaça cega os pássaros..
Pagamos o preço de escolher
Entre uma existência barata e rasa
E tantas outras, insalubres.
Os fogos de artifício e o desgaste anunciam:
- É tempo de deixar para trás
Estátuas distribuídas pela cidade,
Quais aquelas que admirávamos tanto;
Deixar de lado os próprios braços
Que tanto impedem que nossos filhos cresçam -
Egoístas, por sentirem-se sós e
Ingratos, por cortar os braços
Num banheiro imundo..
É tempo de rasgar a pele e gritar pela janela
Toda a dor de acordar mais um dia -
Jogo tudo pelo ralo e sorrio,
E posso ouvir os aplausos dos ratos,
Escondidos entre as frestas do meu peito..
Posso ouvir a aflição dos cães,
Que correm para as ruas,
À fim de ouvir o último badalar dos sinos..
E Em meio a poeira,
antes varrida para debaixo dos tapetes
E agora nos irritando os olhos,
Telhados queimam, Filhos morrem,
Pontes se desfazem..
E sobre as pontes que naufragam rumo ao esquecimento..
Eu.

Um comentário:

  1. Sei bem como é. A dor da existência vazia carrega consigo tamanho vão expressar que, poxa, de que me adianta sentir se nem ao menos consigo dizer?! Gritar não adianta mais, pois, sobre a ponte do esquecimento, apenas eu.

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