segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ode à Vitória

Não sei do que tratam
As medalhas que carrego no peito.
Me pesam o pescoço,
Preciso deixá-las para trás;
É um fiasco me sustentar
Sobre as pernas de um passado apodrecido.
Aquelas garotas já não me admiram,
O que posso fazer?
Já não quero carregar o amor
Entre ampulhetas quebradas..
Cuspo os dentes fora...
Moedas para as enxurradas;
Lâminas para meus inimigos...
Sobra a alma, jogada em uma sarjeta qualquer.
..
Algumas crianças correm por um jardim,
Falam como crianças, pensam como crianças..
Me aproximo delas,
Quero fazer parte de algo..
Ser criança e correr por um jardim..
Desde que me tornei homem,
Eliminei as coisas de criança..
Hoje vejo face à face..
Já não sou mais criança..
Tampouco aquelas garotas irão me admirar..
E já não sei do que trata
A palavra vitória...


"Por ora restam a Futilidade, a Desistência e o Egoísmo;
A maior delas, porém, é o Egoísmo"

2 comentários:

  1. Quando nasci, num mês de tantas flores,
    Todas murcharam, tristes, langorosas,
    Tristes fanaram redolentes rosas,
    Morreram todas, todas sem olores.
    Mais tarde da existência nos verdores
    Da infância nunca tive as venturosas
    Alegrias que passam bonançosas,
    Oh! Minha infância nunca tive flores!
    Volvendo ã quadra azul da mocidade,
    Minh'alma levo aflita à Eternidade,
    Quando a morte matar meus dissabores.
    Cansado de chorar pelas estradas,
    Exausto de pisar mágoas pisadas,
    Hoje eu carrego a cruz de minhas dores!

    (Mágoa - Augusto dos Anjos)

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