segunda-feira, 7 de março de 2011

O Cair da Noite

A penumbra cobria o céu,
E a alma se aconchegava
No manto negro da noite que nascia.
Ansiava algo que não podia alcançar;
A angústia é um filho desgraçado
No útero da escuridão mais intensa.
A frustração era concreta
Como um abismo infinito.
Poderia caminhar pelo meio fio,
Sem nunca se aperceber
De que ele estava lá,
Mas, infiel, olhou pra baixo.
Desejava precipitar-se;
Lançar seu corpo magro
Contra a escuridão sem fim.
Desejava livrar-se
Do cárcere que eram seus contornos;
Libertar-se da mente insana
Que o guiava para o nada,
Que fazia das faces sem vida
Do dia-a-dia, sua maldição.
A desesperança corriqueira,
O tormento, a falta de vontade na vida,
Tudo era tão trivial, comum.
O vazio o engolia aos poucos,
Sua alma era massacrada,
Dilacerada por suas fobias.
Seguia inerte, sem objetivos.
Envolto à sua solidão,
Almejava ser outra pessoa,
Alguém que sofresse menos,
Que pensasse menos.
Triste, deitou-se,
E apesar de grande seu desejo
De que o dia não amanhecesse;
Aconteceu.



[Me sepultem, me enterrem
Estou morto, morto!]

3 comentários:

  1. Tens mesmo jeito pra escrever *-*

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  2. De fato a angústia chega a ferir a alma e por vezes desejamos que o dia não amanheça.
    Gostei muito do seu escrito. Parabéns!

    Superbeijo.

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