quinta-feira, 10 de março de 2011

O Homem que Não Possuía à Si Mesmo

Fita a parede, estático.
O pus escorrendo das feridas,
Toda podridão de seu cadáver fétido;
Embreagado como sempre,
Acabado como nunca.
O punhal pendurado nas costas,
Os olhos perdem foco.
"Vai me deixar aqui?
Eu não quero mais isto, não"
O futuro escorre o ralo
Boia no esgoto da falsidade.
"Está na hora de aceitar
Está pra lá de morto,
Vai acabar afogando
No seu próprio vômito.
Caia lá pra outro lugar,
Aceite, só aceite
Não venha pro meu lado
Com essa conversa fiada"
O cigarro pela metade,
Esfumacea-se no cinzeiro
E as esperanças entre a poeira preta.
Sentado no sofá, o defunto sonha
As luzes da cidade se apagam
As oportunidades sepultadas.
"Esse papo me cansa"
Desliga a Tv, num suspiro
"Esse seu moralismo
Não vale uma moeda de 10 centavos,
O que eu queria mesmo era
Uma dessas mulheres da propaganda da Skol"
Esboçou um sorriso frio, amarelado,
Coçando a barba mal feita.
Estar isolado não era escolha.
As pessoas olhavam mas,
Não entendiam a profundidade.
"Covardes! Optem por viver no raso,
Vou pras ondas onde homens morrem afogados!"
Difícil caminhar tendo a certeza do regresso
"Não encoste em mim,
Saia, saia de perto
Ah! Desgraçado"
Morrendo as mínguas,
A última lágrima, a mais dura,
Varreu o lodo do carpete.
"Minha nossa senhora!
Esse aí não volta mais."

Um comentário:

  1. Oi, querido! Seu poemas, como sempre, arrasam! E seu blog é perfeito! Parabéns!!


    Comenta no meu blog novo, "Entretenimento na Mente!", e me segue:
    www.artes-e-entretenimento.blogspot.com

    Postei uma crítica que escrevi do filme "De Olhos Bem Fechados", do Tom Cruise e da Nicole Kidman, lá! ^^

    Conto com você!

    Mil beijos,
    Mari.

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