domingo, 23 de agosto de 2009

(In) Sanidade , Capítulo I

E no olhar do velho, já se via que não pensava em boa coisa.
O garoto estremeceu, marcando a mesa com as unhas - Qual arrepio agonizante - E balbuciou as palavras:
"Tens de ver que não é doença, senhor, eu estou além.."
E o velho senhor, balançando a cabeça de um lado a outro concluiu secamente, pra sua decepção, a qual já havia antevido:
"Não é bem assim garoto.. Não importa quão melhor você seja.. Este é o mundo real e aqui, garoto, aprenda de uma vez por todas, de nada adianta ser melhor, se você é diferente, é problema.. Eles não te querem la fora.."
Tais palavras pareciam corroer o peito..
Ele sabia que o problema era ser.. Mas qual sua culpa diante disto tudo?
A insanidade vinha corroendo os pensamentos e a dor o atormentava de forma realmente incômoda.
Virando-se foi se retirando, sem dizer mais nada, porém as lágrimas lavavam-lhe o rosto - culpava sua incompreensão.
Passos incertos se seguiram até sair daquele estreito corredor.
Se antes acreditava que tudo fazia sentido e tudo estava encaixado em um plano maior, agora quizera acreditar que nada fazia sentido, um dar de ombros a tudo que o mundo lhe oferecera parecia solução prática e rápida. Como? Não sabia.
Por enquanto tudo que via era o mundo dar-lhe as costas. Morava ai sua angústia, pensar num mundo complicado, onde pessoas só apontariam-lhe os defeitos, rindo de sua incompetência.



Eu já postei isso, mas vou postar o conto inteiro, à partir daqui

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