segunda-feira, 3 de março de 2014

Sozinho

Sei que não você não está por aqui,
Te cacei por todos os cantos.
O tempo é duro. Dura demais..
Abram alas que a tristeza vem avassalar.
São as folhas lá fora, a poeira nos olhos;
Todo vento e dor apaga as velas e fecha as janelas,
Nem um inseto ousaria se aproximar agora.
Meus dedos estão congelando, meu amor não me sente.
Abro as gavetas, armários, Rasgo o peito, nada.
Já vi de tudo só de olhar no espelho -
Roendo as unhas, rangendo os dentes, Deus está aflito nesse fim de tarde.
Alguém se casa, em algum lugar do mundo,
Sinto cheiro de briga entre dois melhores amigos,
Perdem o apetite, a vontade de tomar banho.
Cada um tem sua casa, cada um cata seus cacos,
E, de dentro deles, não sangra nada que me lembre que estou vivo.
Não posso fumar em locais fechados, definitivamente.
Para este cachorro cego que me lambe os pés, não há nada aqui para se ver.
Esses pés não tem gosto, se não o da sujeira que o mundo despeja sobre eles.
Mesmo assim, os cães me parecem amar melhor que os homens,
Estes que são atropelados com grande frequência,
Que, estripados na sarjeta, te olham com ódio,
Que, quando tem as mãos arrancadas por roubos, choram,
Que se arrependem e tem o pescoço esticado em nós de uma corda áspera..
Que, assim como eu, estão sozinhos.
Que, quando nos fins de tarde olham pro céu e clamam por Deus,
De Seu amor não encontram nem vestígio.

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