segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Horizontes para Estradas Destruídas pela Guerra

Qualquer corpo rejeitaria meus órgãos,
Minha boca, num altar frio, calaria eternamente.
Sou presa,
Me debato.
Na calada da noite, incineram-se os olhos
E carcaças de moscas.
- Meus membros, esquecidos, aguardam o fim.
Quando toda luz se apagar,
Poderei enxergar com clareza a dor que sinto.
Assim que as garotas virarem as costas,
Voltarão as bestas, à farejar merda,
Para mastigar meus intestinos com amargor,
Gesto próprio de mães famintas.
E ficarão os bonecos sem cabeça no chão,
E ficarão os dedos velhos e enrugados,
À praguejar contra a juventude,
À ferir a honra de Judeus amargos.
Doo-te um horizonte de estradas destruídas pela guerra,
Toma e segue teu rumo,
E não voltais aos portões do inferno;
E, quando, mesmo distante, tiver coração,
Ame a mim como a flor que nunca é regada
E que brota, e que ramifica e que murcha,
Amaldiçoando para sempre o solo que a feriu.

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