segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A Lagarta

Adorai porque é sagrada
Minha existência desgraçada.
Me acuda! Me acuda!
Passei a sentir o sangue correr!
Sinto-me em desespero..
Aprendi a sentir o frio,
De dançar sozinho
Num quarto vazio.
Jamais alcançarei algo
Próprio de outros insetos.
As folhas caem, num ritual
Para mim, de nada vale.
Um humano risca um fósforo..
Acordai! Acordai ó Cristãos,
Que há chego a hora.
Levantai e acendei velas para nós;
Que somos feitos de fumaça.
Larvas adentram as narinas,
Mesmo morto, agonizo.
A noite, banquete para as trevas,
A angústia me faz trêmulo,
Assim, cravado em meu nome,
Que é nome de meu pai
E de seu pai, antes dele.
Já não faço parte,
Me alimento de fezes no chão,
Compro as mãos que não me foram dadas.
Adorai porque é sagrado
Ser humano e desgraçado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário