sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Oco

Tomo-te por minhas dores,
do ventre, morto o caule,
Tomo-te por minhas dores.
Cegos sentimentos me cobrem
Enquanto me deito aos prantos.
Como minha mãe, faltaste-me em tudo,
Como pai mataste minhas alegrias,
Solto, nada me resta,
Como prêmio ou por piedade.
Ó! vida, Ó! Cruéis dias!
Que passam-me desapercebidos,
Voltem pra ver teu filho
Andar por trilhos tão tortuosos.
Amar é doar-se, compreenda-me
E o vazio arranca-me os pedaços,
Não me deixa à sorte ou ao surto,
Aqui não há colo que me acolha prontamente;
Aqui é só frio e solidão,
E a fronte banhada a drama;
Ungida da dor de meus dias,
Tão secos, esquecidos e inúteis.
Acabei-me aqui em meu quarto,
E nas calçadas destroçadas das ruas.
Acabei-me aqui sem sombra,
E sem sombra de dúvida.
Entre os cães hei de sentar, certamente,
Compartilhando sua vida sem rumo
E com eles hei de comer o banquete
Esquecendo-me de como é ser humano.
Agradeço-te e deixo tudo aquilo
que conquistei em minha vida breve.
Ficam meu adeus e meus pêsames,
Pelo garoto que aqui morava.

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