quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Moscas

Uma mosca se arrasta.
Sem asas, se debate.
A luz se apagou. O fim chegou mais cedo.
Viveu uma mentira, mas o fim chegou.
Verdadeiro. Disleal, trouxe o frio assassino consigo.
Sem esperanças, solitária, insignificante, se debate.
Um coração pequeno. Uma dor enorme.
Anseia morrer, tem medo.
Apenas uma mosca que não pode mais voar.
Não pode mais ser. Não pode mais sentir.
Humilhada. Subvivendo em meio ao lixo e à merda.
Sente fome, sede de voltar a ser o que era.
Antigos e escassos momentos de vida não mais existem.
Se debate, agonizante.
Quer gritar, mas ninguém pode ouvir.
Só mais uma maldita mosca no mundo.
Dilacerada pela vida. Esmagada pelos humanos.
Sabe que está morta. Só queria estar enterrada.

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