domingo, 6 de junho de 2010

Tenho medo

Pra aqueles que perderam todas as chances
a noite é um caminho sem volta.
Qualquer sono sem despertar,
Qualquer beco sem luz alguma,
Qualquer chama sem esperança.
Agoniza, agoniza,
O demônio abraça-te com força,
O único braço que te acolhe
Arrasta-te para o inferno.
Consegues ver o fim da estrada,
levando tua vida nas costas
A indiferença é o teu fim.
O esquecimento, no canto triste que é a angústia.
Todas as memórias são velhas,
Todos os filhos estão empoeirados,
Seus terços, sua fé, sua dureza morreram.
Agoniza, é o fim.
Dorme, morre, some, esquece.
Não há ascenção,
O olhar é profundo, mas não podes ver,
Dorme!
As árvores perderam as raízes,
Os pulmões clamam pelo ar,
Os amores não vivem mais;
Quereria, ainda, poder se arrastar
Por este chão ingrato que cheira à cadáver.
Não pode se expressar,
Grita, sem resposta, porque perdera os sentimentos.
Como?
Se já se acaba tua razão, o que te resta?
Agoniza - E essa dor existe?
Podes sentí-la, distinguí-la com clareza?
Teus caminhos tão exatos
agora são curvas sinuosas
E alguma razão existe?
Dorme, dorme e não acorda.
Tens medo, então dorme.


-
Bisavó
Inexplicável

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