quinta-feira, 10 de junho de 2010

A Cidade é Pedra

A cidade é pedra.
Finge que vive, mas é morta.
As estradas desenham tristes prédios
Que se mostram no horizonte
Como incógnitas cinzas
Para o estrangeiro que chega (nada bem vindo)
E que se vai com as luzes vermelhas.
A cidade é morta.
Cada pedra que se desgasta com o tempo
É uma lembrança que a memória perde
No céu cinza de finais de semana entediados.
A cidade é triste.
Cada casa é uma vida solitária
Daqueles que cortam ruas escuras
E que acabam num cemitério de flores falsas.
A cidade é cheia.
De pessoas, estradas, caminhos,
Monocrômias que assassinam florestas verdes,
Luzes infelizes que escondem montanhas azuis,
Suores que salgam a dignidade e a honra.
O prédio arranha o céu que é terra e fumaça,
O céu cujo vento empoeira as brisas do campo e as águas da fonte,
Vento que cobre o asfalto quente da estrada,
Cobre o carro, a igreja, a casa.
Um céu que nos lembra como é a vida na cidade.
Tráz no seu ar o horror inseguro da noite,
O cansaço exausto do dia,
O desanimo corriqueiro da manhã.
Faz com que sintamos todos os dias
O odor daquilo que não queremos ver
E que nos lembra de como é triste
Viver na cidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário