segunda-feira, 6 de maio de 2013

Ensaio Sobre a Ferrugem

Tudo bem
Vou vomitar o feno e seguir em frente;
Procurar na lama algum tipo de chave ou adaga.
Os fardos de falha sendo arrastados
Pelo chão de cômodos vazios, ecoam.
Soam como uma pedrada bem no meio do rosto.
Desfigurando irmãos, crianças de seis anos e meio,
Inócuas por sua grande natureza.
Me arrependo por ter deixado meu corpo inerte à teu lado.
O lodo e o fungo que não me deixam dormir à noite,
Pertencem também à teus lençóis.
E vem a culpa respirar a ferrugem de minhas janelas, outrora abertas,
Na noite em que descansas tranquilamente.
Almejo, com todas as forças,
Destruir os ossos de sua mandíbula
E entupir nossos filhos com doces que dão cáries.
Almejo destruir as louças herdadas de sua mãe,
Deixá-la para trás. - Velha, cataplética
Num quarto imundo de hotel barato à coexistir com baratas.
Amaldiçoo o fruto do ventre que inalou carbono por tanto tempo,
Pela piedade e fraqueza dos tendões de meus dedos.
O cálice de água suja era meu e dele só eu deveria beber,
Mas você, com suas mãos sorrateiras o agarrou
E seus olhos frios me afastaram dele por certo tempo.
Maldito tempo foi este - Agora piso em seu intestino e
O observo se debater, no chão.
Te odeio por ter me prometido tanto e ter me dado tão pouco.
Por ter me deixado de lábios secos, à espera de água ou afeto.
Tudo certo, tudo bem, mesmo.
Vou continuar.
Vomitar o feno que me enfiou pelo ânus como um estupro,
E seguir em frente, rumo ao fundo de meu poço de merda.

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