terça-feira, 2 de agosto de 2011

À Sós

Estamos à sós agora
Sombras do passado nos atormentam,
A grande depressão cai dos céus
Partindo os edifícios ao meio.
O gato sai da caixa,
Arrasta as patas como quem deseja caminhar..
Seus olhos tão tristes,
Me recordando os meus próprios...
De que importa o apocalipse para ele?
Seus lábios clamam por algo maior;
De que importa a tristeza pra ele
Que arranha o próprio corpo, debilitado?
Os anjos que dormiam no esgoto, acordam.
Um garoto de pele encardida,
Querendo desistir de tudo
Me encontra em alguma esquina.
Só mais um garoto,
Mesmo sem face, tenta me dizer algo
Mas nenhuma palavra sai de sua boca.
Estamos à sós agora,
Na sala, me pede perdão
Por pecados que eu mesmo cometi.
Cai no chão, à minha frente
e se debate, sem cessar.
De que importa o apocalipse,
Para tais espécies de animais sujos?
Caio também, um boneco esquecido no tapete;
e choro lágrimas que não possuo
Vislumbro paisagens que não frequentei...
Um vazio próprio dos pagãos;
Choro lágrimas que não possuo,
Enquanto na lareira ardem meus sonhos
Embrulhados em belas fantasias
E eles gritam e gritam e gritam,
Sua tez se desfazendo aos poucos..
Mesmo a existência mais sublime
É um pedido por piedade divina.
No fim é que tudo perde o valor.
E tudo isto me vem à cabeça,
Como vozes que não consigo emudecer.
Elas vêm, mas depois me deixam só.
Todos mortos, me deixam solitário.
Estou sempre à sós com a grande depressão.
E se bem entendo da vida que levo,
Todos desistimos no final.

Nenhum comentário:

Postar um comentário