sábado, 20 de agosto de 2011

Sublime Chuva

Aguente firme,
Quando a chuva cair para redimir os pecados, tudo há de melhorar.
Viver de ilusão.. Que lástima! (ou de passado)
Ou chorar as lágrimas de cães que ladram de madrugada, pelas ruas;
Animais desgarrados, perturbando o sono dos justos..
Aguentar a pressão nos ouvidos
Quando onda bate forte contra teu peito,
Quando parece não suportar mais nada novo que apareça.
Estamos velhos, mas jovens demais para um primeiro beijo;
Dar as mãos para atravessar a rua, com medo,
E saber que há muito mais sangue para doar, ou perder,
Nas guerras que travamos por pequenas conquistas.
Com vestes para algo grandioso - Uniforme -
Nos preparamos para aprender algo que não nos interessa,
E depois de tanto tentarmos viver,
Fitamos o espelho e nos preparamos para dormir, sem sono.
Dormimos até que bem, como crianças ou "pedras", diriam..
E vivemos em sonhos que pelo fim da manhã vamos esquecer.
Pagamos o preço; compramos vista para o centro da cidade;
Para perder nele os sentimentos de cada dia que suportamos;
Mas aprendemos a aguentar firme,
E esperar que a chuva caia novamente para nos libertar;
E isso é o que nos faz acordar para um novo dia.

"Sua cabeça dói e um dia vai estourar
C'oessa rotina, rotina...

Até quando ele vai aguentar
Essa rotina?!"

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Cansado / Multidões



Afogando-me em tristezas
Ou cospindo sangue pelo nariz
Encaro o espelho.
Podre por dentro,
'coração envenenado'
Me perco em um quarto escuro.
Abusando daqueles destinos,
Pegando-os todos e contorcendo
Transformando em uma arte mal-feita
Ou em uma imagem abstrata;
Este sou eu fazendo algo de útil da dor.
Minha face não tem vida.
Deito-me em minha cama fria,
Aqueles cobertores não esquentam mais
Meu corpo tão sem preenchimento,
Aqueles lençóis agora fedendo à suor noturno
Já não acomodam mais minha cabeça,
Nem a matéria que sou, ante toda essa incerteza.
Quando judas me pegou pelo braço
Pra me levar pro topo da montanha,
Pra me mostrar o mundo que lá em baixo se decompunha;
Eu urinei em meu corpo,
Me cagando para suas escrituras tão infantis,
E suas profecias fúteis.
Mas, quando olhei novamente para aqueles edifícios,
Meu corpo caiu, se debatendo bruscamente pelo calvário, até me recordar
De todas as cruzes que carreguei por culpa do vazio.
E de todas as mentiras que não contei para Jesus
Por não reconhecer sua face embaçada em meio às multidões,
A pior foi dizer que está tudo bem comigo,
Porque nunca esteve.
E bem no fundo dos meus olhos,
Tudo que sinto é pena de mim mesmo, por nunca ter tido
Chance de dizer para Ele o quanto me odeio;
Chance de dizer para mim uma vez que algo vai dar certo,
Porque os sonhos nunca se realizam no final.
Rasgo as vestes, tão traidor,
E me desprezo, porque não mereço nem seu cuspe em meus olhos;
Então deito meu corpo sobre a cruz,
E espero que venham os soldados
E o Pecado me tome por completo..
Estarei aqui, para roubarem de mim tudo o que tenho,
E então vou embora...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

À Sós

Estamos à sós agora
Sombras do passado nos atormentam,
A grande depressão cai dos céus
Partindo os edifícios ao meio.
O gato sai da caixa,
Arrasta as patas como quem deseja caminhar..
Seus olhos tão tristes,
Me recordando os meus próprios...
De que importa o apocalipse para ele?
Seus lábios clamam por algo maior;
De que importa a tristeza pra ele
Que arranha o próprio corpo, debilitado?
Os anjos que dormiam no esgoto, acordam.
Um garoto de pele encardida,
Querendo desistir de tudo
Me encontra em alguma esquina.
Só mais um garoto,
Mesmo sem face, tenta me dizer algo
Mas nenhuma palavra sai de sua boca.
Estamos à sós agora,
Na sala, me pede perdão
Por pecados que eu mesmo cometi.
Cai no chão, à minha frente
e se debate, sem cessar.
De que importa o apocalipse,
Para tais espécies de animais sujos?
Caio também, um boneco esquecido no tapete;
e choro lágrimas que não possuo
Vislumbro paisagens que não frequentei...
Um vazio próprio dos pagãos;
Choro lágrimas que não possuo,
Enquanto na lareira ardem meus sonhos
Embrulhados em belas fantasias
E eles gritam e gritam e gritam,
Sua tez se desfazendo aos poucos..
Mesmo a existência mais sublime
É um pedido por piedade divina.
No fim é que tudo perde o valor.
E tudo isto me vem à cabeça,
Como vozes que não consigo emudecer.
Elas vêm, mas depois me deixam só.
Todos mortos, me deixam solitário.
Estou sempre à sós com a grande depressão.
E se bem entendo da vida que levo,
Todos desistimos no final.